segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Autorretrato

Há 26 anos, nestas terras do Cabo Branco, eu nasci, fruto do casamento de um engenheiro civil e uma professora de filosofia, cujo principal legado, transmitido aos seus três filhos, tem sido a formação acadêmica e a sólida educação moral.

Cheguei quando meus irmãos, Marcílio e Marcelo, tinham, respectivamente, 13 e 10 anos, imersa em um ambiente repleto de muito amor e cercada do que a vida pode oferecer de melhor: doces, uma biblioteca repleta de títulos, música e poesia. Não direi, como muitos, que foi amor demais, pois mamãe também me ensinou que amor nunca é demais, especialmente quando se trata daquele amor que de tão pleno, tão forte e verdadeiro conduz à liberdade.

Na infância, tive o privilégio de passar as férias na casa dos meus avós, Paulo e Nevinha Aquino, ao lado de quem muito aprendi. Dele, herdei o gosto pela literatura, a disciplina para os estudos, a fé em Deus. Dela, sobrevieram-me a perene alegria, a paixão pela vida.

A ruptura da adolescência se deu em 2003 com a aprovação no vestibular e o ingresso nas faculdades de Direito e Filosofia. Em 2005, a ida à França, o encontro antecipado com a maturidade, a descoberta do absolutamente novo e a lembrança das palavras de mamãe, repetindo os versos de Fernando Pessoa, na nossa despedida no aeroporto: “Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas foi nele que espelhou o céu.”

A conclusão da faculdade possibilitou-me a entrada no mestrado de Filosofia, o estudo de David Hume e das paixões como fundamento das ações humanas, o início da realização profissional e o encontro com Aníbal.

E agora, onde me encontro? Como uma tecelã, digo que estou ainda bem no comecinho da tessitura da malha da vida... Hoje, noiva de Aníbal, advogada e professora.Tudo isso faz parte de mim, mas não me reduzo a isso. Não me limito a isso. Na verdade, continuo sendo a mesma menina sonhadora que escrevia no seu diário de folhas cor de rosa e muito mais.

Hoje, no meu aniversário, não diria como Pablo Neruda: “confesso que vivi”. Mas, que estou vivendo com a intensidade que a vida requer e, se fosse caso de escolha, escolheria viver tudo novamente...

Um comentário:

  1. Linda História Professora! É Notável a sua educação moral e princípios! admimirável sua postura diante de uma sala de aula!E nesse clima de fim de periodo me sinto a vontade em dizer que és espelho para todos nós! Parabéns! tenho orgulho de alguma forma ter feito parte da sua trajetória!. Daniele Thaís.

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